Tema 1B - O direito de todos à educação: universalização e gratuidade.
Por
Fernanda Giorgi Barsotti Tinti e Nina Brondi de Andrade
A partir da leitura do texto “A Construção de Escolas Democráticas” e do conteúdo do debate ocorrido no programa Opinião Nacional pudemos constatar que, para a construção de escolas democráticas é preciso reflexão, mudança na prática escolar, e revisão de condutas como, por exemplo, a qualidade das relações interpessoais na escola que se tornarão modelo para os alunos.
Uma escola que se baseia no autoritarismo, centralizando o poder na figura do diretor não abrirá espaço para discussões e participação nas decisões de todos os funcionários, alunos e a comunidade. Fator esse fundamental no funcionamento de uma escola democrática, que ouve as necessidades de seu entorno e seus integrantes.
Quando há o envolvimento de todos aqueles que estão ligados à escola nas decisões, eles sentem-se parte do todo escolar, agindo de tal forma que proporcione o sucesso: alcançar as metas pré-estabelecidas.
Sentir-se integrante de algo maior e lutar por objetivos comuns faz com que as pessoas, “que são a educação”, respeitem as adversidades, incluindo-as na construção de uma escola calcada nos princípios democráticos de justiça, igualdade, equidade, com a participação ativa de todos na escola e na sociedade.
É direito garantido a todos o acesso à escola. Seja ela pública ou privada, é resultado de investimentos diretos ou indiretos, e para muitos é vista como a única possibilidade de melhoria de vida. Assim, é preciso ter consciência do papel fundamental exercido por ela. É a instituição escolar quem, partindo de reflexões e discussões com seu corpo técnico e a comunidade, definirá os conteúdos trabalhados com seus alunos, sejam eles conceituais, procedimentais ou atitudinais.
Será no ambiente escolar, acolhedor ou não, que se constituirá grande parte da personalidade do sujeito. Portanto, é fundamental acolher as necessidades individuais e criar condições ideais para a construção da autonomia, do respeito, da cooperação e da auto-estima.
A escola tem ainda a incumbência de proteger seus alunos, já que muitas famílias, principalmente as de escolas públicas, cujos pais trabalham o dia todo fora, apontam o “estar na escola” como possibilidade de distanciamento das ruas e da violência. É claro que não podemos nos opor a este papel da escola, mas não se pode contentar com isso, sem cobrar dela uma melhoria do ensino.
O que vemos nas escolas é uma preocupação quase que exclusiva com a transmissão de conteúdos científicos (língua, matemática, ciências...) acumulados pelas diferentes culturas e pela humanidade e que, muitas vezes são desconectados da realidade dos alunos. Ou seja, o que se privilegia nas escolas é o desenvolvimento da dimensão cognitiva das pessoas.
A atual estrutura curricular, foi criada a partir dos ideais da sociedade grega antiga, há mais de 2000 anos, e o cidadão que este currículo busca é o idealizado para viver naquela sociedade. Naquela época, para as pessoas poderem participar da vida pública e política, precisavam saber línguas, matemática, ciências, natureza sociopolítica e economia das humanidades e artes. Assim, freqüentavam a escola apenas os homens gregos e livres, isto é, 10% da população que vivia na pólis.
A escola atual, que visa à democracia, que é a escola para todos, tem seu currículo baseado em uma escola conteudista e elitista. Como vamos, dessa forma, formar cidadãos para a democracia?
Além disso, as escolas são estruturadas em hierarquias rígidas, com relações interpessoais autoritárias, em que os detentores do poder mandam e os subordinados apenas obedecem. Como os professores e alunos podem compreender o que é democracia e como se exerce a cidadania? Onde estão os espaços de exercício de uma liberdade responsável se nem os professores a exercem, como poderão ensiná-la?
O desejo de democracia na sociedade é incompatível com os modelos de educação autoritária e conteudista que abarrotam nossa memória com inutilidades e não nos ensinam a questionar. Aprendemos cidadania, como todo o resto, vivendo-a.
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5 comentários:
Ué? Ninguém vai debater nosso tema?! Coragem pessoal!!! hehe...
Queridas alunas,
gostei muito da forma como defenderam o tema sob responsabilidade de vocês. O texto está singelo e os argumentos claros e precisos.
Entre os argumentos expostos considero de grande importância a defesa de que a escola é um exercicio para a vida; que a escola não pode concentrar em uma unica figura o encaminhamento de seu rumo e, por fim, que democracia é um termo moldável: portanto, sujeito a modificações de acordo com a necessidade social. Concordo com vocês. Abraço!
Chamou me muito a atenção a última frase do texto de vocês, que "aprendemos cidadania como todo o resto, vivendo-a", concordo plenamente. Também concordo com vocês com o fato de que na atual situação não vivemos uma democracia e tampouco a cidadania. Acho que novos professores como nós, ao nos debruçarmos sobre assuntos tão importantes e tão polêmicos como este fazemos a diferença. Podemos assim vir a colocar em prática a crítica levantada, uma vez que temos estas idéias em mente. Gostei do texto de vocês! Mariana
Meninas,
Sobre a resposta, gostei muito. Pois surgiu uma questão ainda não respondida. No ponto de vista de vocês, o que uma escola deve ter para que a criança fique dentro dela e não na rua? O que a escola pode oferecer para a criança ser uma cidadã?
Risos... aguardo uma resposta! Veri
Veri, do meu ponto de vista, se as relações dentro da escola forem pautadas no respeito mútuo e na democracia as crianças vão querer estar lá, afinal, nessas condições elas fazem parte da construção desse lugar e o que não está bom pode ser questionado e mudado de acordo com todos. E é também dessa maneira que ela se tornará cidadã.
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