quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Debate virtual 1 - Inicio em 19 de setembro

Tema 1B - O direito de todos à educação: universalização e gratuidade.
Por
Fernanda Giorgi Barsotti Tinti e Nina Brondi de Andrade

A partir da leitura do texto “A Construção de Escolas Democráticas” e do conteúdo do debate ocorrido no programa Opinião Nacional pudemos constatar que, para a construção de escolas democráticas é preciso reflexão, mudança na prática escolar, e revisão de condutas como, por exemplo, a qualidade das relações interpessoais na escola que se tornarão modelo para os alunos.
Uma escola que se baseia no autoritarismo, centralizando o poder na figura do diretor não abrirá espaço para discussões e participação nas decisões de todos os funcionários, alunos e a comunidade. Fator esse fundamental no funcionamento de uma escola democrática, que ouve as necessidades de seu entorno e seus integrantes.
Quando há o envolvimento de todos aqueles que estão ligados à escola nas decisões, eles sentem-se parte do todo escolar, agindo de tal forma que proporcione o sucesso: alcançar as metas pré-estabelecidas.
Sentir-se integrante de algo maior e lutar por objetivos comuns faz com que as pessoas, “que são a educação”, respeitem as adversidades, incluindo-as na construção de uma escola calcada nos princípios democráticos de justiça, igualdade, equidade, com a participação ativa de todos na escola e na sociedade.
É direito garantido a todos o acesso à escola. Seja ela pública ou privada, é resultado de investimentos diretos ou indiretos, e para muitos é vista como a única possibilidade de melhoria de vida. Assim, é preciso ter consciência do papel fundamental exercido por ela. É a instituição escolar quem, partindo de reflexões e discussões com seu corpo técnico e a comunidade, definirá os conteúdos trabalhados com seus alunos, sejam eles conceituais, procedimentais ou atitudinais.
Será no ambiente escolar, acolhedor ou não, que se constituirá grande parte da personalidade do sujeito. Portanto, é fundamental acolher as necessidades individuais e criar condições ideais para a construção da autonomia, do respeito, da cooperação e da auto-estima.
A escola tem ainda a incumbência de proteger seus alunos, já que muitas famílias, principalmente as de escolas públicas, cujos pais trabalham o dia todo fora, apontam o “estar na escola” como possibilidade de distanciamento das ruas e da violência. É claro que não podemos nos opor a este papel da escola, mas não se pode contentar com isso, sem cobrar dela uma melhoria do ensino.
O que vemos nas escolas é uma preocupação quase que exclusiva com a transmissão de conteúdos científicos (língua, matemática, ciências...) acumulados pelas diferentes culturas e pela humanidade e que, muitas vezes são desconectados da realidade dos alunos. Ou seja, o que se privilegia nas escolas é o desenvolvimento da dimensão cognitiva das pessoas.
A atual estrutura curricular, foi criada a partir dos ideais da sociedade grega antiga, há mais de 2000 anos, e o cidadão que este currículo busca é o idealizado para viver naquela sociedade. Naquela época, para as pessoas poderem participar da vida pública e política, precisavam saber línguas, matemática, ciências, natureza sociopolítica e economia das humanidades e artes. Assim, freqüentavam a escola apenas os homens gregos e livres, isto é, 10% da população que vivia na pólis.
A escola atual, que visa à democracia, que é a escola para todos, tem seu currículo baseado em uma escola conteudista e elitista. Como vamos, dessa forma, formar cidadãos para a democracia?
Além disso, as escolas são estruturadas em hierarquias rígidas, com relações interpessoais autoritárias, em que os detentores do poder mandam e os subordinados apenas obedecem. Como os professores e alunos podem compreender o que é democracia e como se exerce a cidadania? Onde estão os espaços de exercício de uma liberdade responsável se nem os professores a exercem, como poderão ensiná-la?
O desejo de democracia na sociedade é incompatível com os modelos de educação autoritária e conteudista que abarrotam nossa memória com inutilidades e não nos ensinam a questionar. Aprendemos cidadania, como todo o resto, vivendo-a.

5 comentários:

Nina disse...

Ué? Ninguém vai debater nosso tema?! Coragem pessoal!!! hehe...

Isabel Esteves disse...

Queridas alunas,
gostei muito da forma como defenderam o tema sob responsabilidade de vocês. O texto está singelo e os argumentos claros e precisos.
Entre os argumentos expostos considero de grande importância a defesa de que a escola é um exercicio para a vida; que a escola não pode concentrar em uma unica figura o encaminhamento de seu rumo e, por fim, que democracia é um termo moldável: portanto, sujeito a modificações de acordo com a necessidade social. Concordo com vocês. Abraço!

Mariana Stefanini disse...

Chamou me muito a atenção a última frase do texto de vocês, que "aprendemos cidadania como todo o resto, vivendo-a", concordo plenamente. Também concordo com vocês com o fato de que na atual situação não vivemos uma democracia e tampouco a cidadania. Acho que novos professores como nós, ao nos debruçarmos sobre assuntos tão importantes e tão polêmicos como este fazemos a diferença. Podemos assim vir a colocar em prática a crítica levantada, uma vez que temos estas idéias em mente. Gostei do texto de vocês! Mariana

Veri disse...

Meninas,
Sobre a resposta, gostei muito. Pois surgiu uma questão ainda não respondida. No ponto de vista de vocês, o que uma escola deve ter para que a criança fique dentro dela e não na rua? O que a escola pode oferecer para a criança ser uma cidadã?
Risos... aguardo uma resposta! Veri

Fernanda G. Barsotti Tinti disse...

Veri, do meu ponto de vista, se as relações dentro da escola forem pautadas no respeito mútuo e na democracia as crianças vão querer estar lá, afinal, nessas condições elas fazem parte da construção desse lugar e o que não está bom pode ser questionado e mudado de acordo com todos. E é também dessa maneira que ela se tornará cidadã.

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