sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Debate virtual 1 - Inicio em 19 de setembro

Tema 1A. Os Direitos Humanos e o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Por Isabel de Lourdes Esteves

Com certeza, a escola deve priorizar a formação no sentido amplo do termo. No entanto, isto não significa abdicar de proteção.
Em um país, onde os índices de violência, de negligencia e de incompetência administrativa são muito altos, ao tratarmos da universalização dos direitos dos cidadãos, as crianças oriundas da classe social economicamente mais carente apresentam uma necessidade maior de proteção por parte do Estado.
Portanto, a escola deve proteger a criança enquanto seus pais trabalham e, acaba por substituir outros espaços sociais como: clubes esportivos, parques etc. A escola protege do contexto ameaçador: ausência de espaços de lazer, alto índice de criminalidade e descaso da sociedade nos cuidados com a infância. Por exemplo: alguém atropela uma criança porque o deslocamento de um veículo motorizado é preponderante ao deslocamento de um pedestre, seja este, uma criança ou adulto. Trata-se, aqui, de valores distorcidos: a máquina sobrepuja o humano.
Entende-se proteção como assistência, e formação como desenvolvimento intelectual, moral e afetivo.
A formação é a construção de um olhar para o mundo e se descobrir pertencente a ele. É construir um modo de vida que em um ambiente democrático deve se pautar pelo respeito aos desejos e necessidades dos cidadãos que o habitam. Formação e proteção, juntos, nos levam a construção de uma cidadania plena.
Mesmo com necessidades diferentes entre as classes sociais, educação é para a vida toda e para todos. Vivemos na era da informação e acumulamos muito conhecimento. Todos têm que se comprometer com um aprendizado que compreenda o estudo de conceitos fundamentais, o exercício do raciocínio e a experiência artística e esportiva.
A grande transformação que se faz urgente no Brasil é o posicionamento social. As pessoas precisam participar da idéia educativa. Não necessitam se tornar professores ou alunos para isto. É preciso discutir educação como se discute futebol: palpitando na condução da bola, no estilo de arbitragem e, se possível, sendo um jogador a mais em campo que torce para que seu time seja o campeão.
Enquanto não nos posicionarmos desta forma, os direitos para todos estarão somente no papel. Na prática, os ricos continuarão a ter mais direitos simplesmente porque têm dinheiro para garanti-los e os pobres continuarão alijados da sociedade mesmo com a existência de leis como o Estatuto da Criança e da Adolescência.
ECA completa 18 anos este ano e é um jovem ainda desconhecido da sociedade brasileira. Tão abandonado quanto nossas crianças e jovens.
Quem deveria fiscalizar este descaso? Todos nós, usando de nosso conhecimento e informação.
Mas, principalmente, os cidadãos instruídos e ricos. A classe mais abastada deveria dar o primeiro passo na direção de uma sociedade justa porque seria a mais agraciada podendo viver em paz e sem medo.
A classe mais intelectualizada deveria bater o martelo e garantir que a sociedade se fortalecesse, pois não educar também é crime. Assinam-se futuros: desejos e sonhos. Deixa-se o país debilitado, anêmico de cidadania.

5 comentários:

Fernanda G. Barsotti Tinti disse...

Isabel, você respondeu a pergunta que a Nina e eu fizemos quando diz que a escola também tem o papel de protejer, mas que ela também tem o papel de educar.
Concordo com você!

Veri disse...

Isabel,
Ainda fiquei em dúvida, tudo bem que somos nós que devemos supervisionar esses direitos, mas se nós não supervisionamos como isso acontece? E acontece mesmo? Se não, o que fazer para realizar esses direitos?

Karine disse...

Oi Isabel.
Para mim este tema, me chamou muita atenção, porque eu já tinha escolido ele para fazer como debate, mas como surgiu um emprevisto, não deu. Mas com o filme e este texto que você fez, esclareceu muito minhas dúvidas sobre o tema que eram muitas. Por fim ficou bem claro. Mas tenho por mim que este tema é um assunto importante para continuarmos em sala.
Um beijo Karine

Isabel Esteves disse...

Veri,
vem crescendo a consciencia de que o tipo de democracia viável em uma sociedada complexa, como a que vivemos, é a democracia participativa. Isto é: a participação de cada cidadão faz diferença e uma diferença bem grande. Sem a participação ficamos a mercê da indole e da boa vontade de nossos representantes. A história está recheada de exemplos do quanto isto é perigoso, pois a natureza humana é frágil e necessita de - digamos - cuidados permanentes para se manter saudavel.
A sensação que temos de que a participação de cada cidadão é dificil (quase impossivel) é porque mitificamos o conceito de cidadania e entendemos que só as pessoas com caracteristicas muito especiais possam exercer a cidadania em sua plenitude. Ora! Acontece que todo e qualquer cidadão exerce a cidadania nas escolhas que faz ao longo do dia: onde e quando e como coloco meu lixo; como trato meu vizinho; onde estaciono meu carro; como atravesso a rua etc. Participar não é tão impossível quanto nos fizeram crer. Amar sua cidade e cuidadar dela porque você a ama é exercer cidadania. Respeitar ao próximao como você se respeita é cidadania. Participar é, antes de mais nada, se perguntar se você e seus próximos ficarão felizes se isto ou aquilo for feito, seja na educação, na saude, na estetica da cidade etc.

Isabel Esteves disse...

Karine,
também acho um tema importante. Sempre que pudermos interseccionar os temas e estabelecermos relações entre eles, façamos. As aulas estão abertas para isto. :>)

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