quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Construção de escolas democráticas

ARAÚJO, Ulisses Ferreira de. A construção de escolas democráticas: histórias sobre complexidade, mudanças e resistências. São Paulo: Moderna, 2002.

Capítulo: A construção de escolas democráticas

Neste texto, Araújo apresenta uma defesa sobre quais pontos uma escola deve se debruçar para exercitar a democracia em um ambiente favorável a praticas sociais da cidadania.
Inicia apontando o objetivo central da educação: “construção de personalidades morais autônomas, críticas, que almejem o exercício competente da cidadania.” E defende que para tanto é preciso embasamento “nos princípios democráticos da justiça, da igualdade, da equidade e da participação ativa de todos os membros da sociedade na vida pública e política.” (p. 41)
Segundo o autor, a escola democrática e participativa é importante porque pauta suas ações na exploração e consideração da complexidade e diversidade dos interesses sociais e dos cidadãos.

Elege 5 fatores que interferem nesse processo.

1. Conteúdos escolares: Araújo defende a reorganização curricular com a inserção transversal de temas como saúde, ética, meio ambiente, respeito às diferenças, direitos do consumidor, relações capital-trabalho, igualdade de oportunidades, drogas e educação de sentimentos. Acredita que desta forma “alunos e alunas construam sua personalidade com base em conteúdos eticamente mais significativos, com reflexos evidentes sobre as demais dimensões constituintes da natureza humana.” (p. 49)

2. Metodologia das aulas: sugere dinâmicas de aulas que incorporem três tipos de atividades: reflexivas, conceituais concretas e praticas experienciais.

3. Os valores, a auto-estima e o autoconhecimento dos membros da comunidade escolar: neste tópico pergunta “o que são valores e como se constroem?” (p. 54) e quais “seriam esses valores a serem trabalhados na escola?” (p. 57). Defende que os valores e os princípios aludidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos devem pautar a educação brasileira, pois nossa legislação se pauta em valores como justiça, igualdade, equidade, participação coletiva na vida publica e políticas e estes são os valores da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Diz ainda que “os valores se referem à dimensão afetiva da natureza humana.” (p. 57)

4. O tipo e a natureza das relações interpessoais: neste tópico, Araújo diz que “ a construção da cidadania pressupõe a instrumentalização das pessoas para a participação motivada e competente na vida política e publica da sociedade.” (p. 58) Para que isto se efetive indica que a escola desenvolva competências para lidar com:
- a diversidade e o conflito de ideias;
- influencias da cultura e ...
- emoções presentes nas relações do sujeito consigo mesmo e com o mundo.
Defende uma escola cujas bases sejam a democracia e o respeito mútuo; em relações democráticas baseadas na cooperação, no respeito mutuo e na reciprocidade entre crianças e adultos.
Então pergunta: o que é o respeito? “Partimos da idéia de que é um sentimento e, como tal, experienciado nas relações interpessoais e a partir de reflexões intrapessoais. Ou seja, pode-se sentir respeito por outras pessoas, por seus valores e atitudes (por exemplo), mas também se pode senti-lo por si próprio, como é o caso do auto-respeito.” (p. 59-60)
Ao tratar do respeito mutuo, Araújo busca o apoio de Jean Piaget. Neste valor o que conta é o amor, a afetividade que permite que o medo ali presente seja o de decair perante os olhos do individuo respeitado. Portanto, trata-se de admiração, base para a construção da autoridade. A construção da autoridade está mediada pelo sentimento de respeito que as pessoas nutrem entre si a partir da admiração.
Por fim, Araújo defende a pratica das assembléias de classe para o exercício da participação e da cidadania de acordo como os valores apontados acima. O dialogo profícuo e respeitoso aumenta a auto-estima e o auto-conhecimento tanto de alunos quanto de professores.

5. Os processos de gestão da escola: defende aqui a existência de dois tipos de assembléias: a assembléia de escola e a assembléia docente. A primeira deve regular as relações interpessoais no espaço publico e a segunda regular e regulamentar as temáticas relacionadas ao convívio entre docentes, direção, projeto político-pedagógico e a administração da escola.

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